Tudo o que queremos é ser felizes de verdade, o tempo todo. Mas, se pararmos para pensar, vamos perceber que não conseguimos passar nem um dia inteiro sendo realmente felizes. Parece que estamos sempre tentando e tentando, mas essea felicidade tão almejada nunca acontece, não é mesmo?
No mundo agitado de hoje, nunca efetivamente reservamos um tempo para analisar como estamos vivendo de verdade. Se parássemos para observar como foi nossa útima semana, qual seria a nossa conclusão?
Por quanto tempo sentimos que fomos felizes durante esses 7 dias?
Por quanto tempo nos sentimos mal, seja deprimidos, seja com raiva de alguém que fez algo, seja tristes porque queríamos algo e não conseguimos?
Analisando mais profundamente essa situação, quanto desses últimos sete dias passamos focados em desejar que os outros sejam felizes – e agindo de acordo com esse pensamento – e quanto tempo passamos preocupados em resolver nossos problemas para sermos finalmente felizes, porque parece que o mundo está contra nós o tempo todo?
Talvez de um modo mais sutil acreditemos que temos que lutar pela nossa felicidade e nos assegurar que ela vai acontecer porque ninguém vai nos ajudar com isso. E parece que vivemos uma luta constante com o mundo, tentando fazer com que as coisas aconteçam do modo como deveriam ser para conseguirmos ser felizes.
Mas é impossível que as coisas sempre aconteçam como desejamos. E, além disso, quem disse que as coisas que acreditamos que nos fazem felizes são capazes de nos fazer felizes de verdade?
Então, continuar a cultivar um tipo de pensamento que não condiz com a realidade, só vai fazer com que tudo na vida pareça muito difícil e, consequentemente, o desânimo, a infelicidade e a depressão vão tomar conta da nossa mente.
Mas, qual a solução para isso?
Mudar a nossa perspectiva.
E, por isso, os ensinamentos de Buda são muito importantes. Eles nos ajudam a entender onde estamos errando e quais passos devemos seguir para sermos felizes.
Shantideva definiu exatamente o que devemos contemplar e seguir em relação a esse ponto:
“Toda a felicidade que existe neste mundo
Surge de desejar que os outros sejam felizes,
E todo o sofrimento que existe neste mundo
Surge de desejar que nós mesmos sejamos felizes.”
Como assim?
No livro Novo Oito Passos para a Felicidade, Geshe Kelsang Gyatso explica em mais detalhes:
“Sofrimentos não nos são dados como punições. Eles todos vêm da nossa mente de autoapreço, que deseja que nós próprios sejamos felizes, enquanto negligenciamos ou descuidamos da felicidade dos outros.”
E complementa…
“É impossível encontrar um único problema, infortúnio ou experiência dolorosa que não surja do autoapreço”.
Por muito tempo, cultivamos uma crença equivocada de que somos mais importantes que os outros e ela atua em nossa mente de um modo sutil, que não conseguimos perceber facilmente, mas que influencia tudo o que pensamos e fazemos todos os dias. Essa é a mente de autoapreço.
A partir desta mente egoísta, surgem raiva, apego, inveja e outras delusões, ou aflições mentais, cuja única função é perturbar nossa mente e torná-la agitada e descontrolada… o que significa que não ficamos felizes.
Como se isso não bastasse, motivados por essas aflições mentais, cometemos ações negativas que fazem os outros sofrerem e, como resultado, experienciamos sofrimentos e problemas.
Sem entender essa lógica ou perceber essa mente atuando o tempo todo, perseguimos nossa felicidade deste modo. Por isso, todos nós temos o desejo de ser felizes, mas nunca conseguimos encontrar felicidade verdadeira.
Se pensarmos de modo mais profundo, vamos perceber que a mente de autoapreço está no âmago de todo o nosso sofrimento e problemas. Mas, por não estarmos acostumados a pensar desse modo e a contemplar a realidade disso, quando as coisas vão mal, acreditamos que estamos sendo punidos e nem sabemos o porquê. Assim, nos sentimos injustiçados e que o mundo está contra nós, o que não tem sentido.
Ao passo que, se mudarmos de perspectiva e fizermos o oposto, ou seja, começarmos a apreciar os outros, vamos parar de nos sentir assim e para de sofrer o tempo todo.
Por exemplo, se considerarmos a felicidade de todos que encontrarmos como de suprema importância, agiremos de modo amigável e atencioso com eles. Como consequência, as pessoas retribuirão nossa bondade e não haverá base para conflitos ou disputas.
Se, por exemplo, ao invés de nos sentimos fortemente apegados a alguém que acreditamos que possa solucionar nossos problemas, apreciarmos os outros e mantivermos uma mente amorosa em relação a todos, não nos sentiremos sozinhos e não sentiremos que dependemos de alguém para sermos felizes.
Podemos estender nosso apreço também às pessoas que estão perto de nós, como as pessoas da nossa comunidade ou nosso trabalho e veremos resultados positivos, porque todos perceberão nossas atitudades amorosas e bondosas e retribuirão da mesma maneira.
No livro Novo Oito Passos para a Felicidade, Geshe Kelsang Gyatso diz:
“Se apreciarmos todos os seres vivos, realizaremos, naturalmente, muitas ações úteis e virtuosas. Todas as nossas ações de corpo, fala e mente irão gradualmente se tornar puras e benéficas, e seremos uma fonte de felicidade e de inspiração para qualquer um que encontremos.” (…)
“A mente que aprecia os outros é o supremo bom coração. Manter esse bom coraçao resultará somente em felicidade para nós e para todos que nos rodeiam.”
Como conclusão, se queremos solucionar nossos problemas e satisfazer nossos desejos, o primeiro passo é aprender a apreciar os outros à nossa volta e, assim, gradualmente, vamos reduzindo nossa mente de autoapreço até que consigamos eliminá-la.
E a grande fortuna é que temos à nossa disposição todos os ensinamentos para conseguirmos efetivamente fazer isso. É exatamente para isso que Geshe-la escreveu 23 livros e estabeleceu a Nova Tradição Kadampa e hoje temos a oportunidade de ir no Centro de Meditação Kadampa Mahabodhi e ouvir ensinamentos, estudar, contemplar, meditar e desenvolver a nossa mente até ela se tornar pura e encontrarmos felicidade verdadeira.
Referência: Geshe Kelsang Gyatso, Novo Oito Passos para a Felicidade, Editora Tharpa Brasil