Provavelmente, você já se sentiu sobrecarregado com a correria do dia a dia. Com tantas tarefas para cumprir, responsabilidades para administrar e compromissos para honrar é fácil perder de vista o equilíbrio em nossas vidas. Eu mesmo continuo me deparando com esse impasse todos os dias. Mas e se eu lhe dissesse que encontrar tempo e ritmo é possível? Nesta postagem, baseada em uma roda de conversa de que participei no SESC Belenzinho, exploraremos como podemos transformar nosso senso de prioridade, permitindo-nos utilizar nosso tempo para aquilo que realmente importa: nossa paz interior.
Buda disse uma vez:
“O fim da reunião é a dispersão.
O fim da ascensão é a queda.
O fim do encontro é a separação.
O fim do nascimento é a morte.”
Com essas poucas e profundamente sábias palavras, Buda nos ensina que tudo que existe tem um começo e um fim. Tudo é impermanente, e isso inclui nossas experiências, problemas e compromissos. Portanto, é fundamental buscarmos tempo em meio ao nosso ritmo de vida para aproveitar ao máximo cada momento e cada oportunidade, seja para desfrutar momentos de paz e felicidade, seja para aprender com nossos momentos de dificuldade.
O primeiro passo para encontrar tempo e ritmo é reconhecer a importância do tempo em nossas vidas. Tempo é um recurso precioso e limitado, e cada momento conta: nossa vida só fica mais curta. Faça uma pausa e reflita sobre como você está usando o seu tempo atualmente. Identifique as áreas em que você está desperdiçando tempo e em que pode fazer ajustes para tornar sua vida mais produtiva e significativa.
Primeiro, procure entender como você pode aplicar seu tempo para aumentar sua paz e felicidade pessoal. Depois, você pode aumentar essa busca gradualmente para seus amigos e familiares, seu bairro, cidade, país etc. À medida que rompemos gradualmente as barreiras do nosso eu, sentiremos um senso cada vez maior de propósito que apenas uma mente altruísta pode proporcionar.
Seja em âmbito pessoal ou coletivo, aos poucos nossas prioridades vão ficando mais claras e desfrutamos um desejo profundo e sincero de aproveitar cada momento para o desenvolvimento de mentes pacíficas e felizes. No budismo, nós acreditamos que com um bom coração podemos solucionar tanto os nossos problemas, como os problemas dos outros. Com o tempo você perceberá que é desse bom coração que toda a felicidade surge.
Por outro lado, muitas vezes, nos sentimos sobrecarregados, porque nosso ritmo desenfreado de vida não permite que tenhamos perspectiva sobre aquilo que está nos causando sofrimento ou contribuindo para nossa felicidade. Reserve um tempo especificamente para identificar o que é realmente importante para você. Estude, faça amigos legitimamente preocupados com sua felicidade e, claro, tente equilibrar atividades essenciais da sua vida, como família, saúde, trabalho e lazer. Em todos esses momentos, aplique os ensinamentos de Buda a tudo que encontrar. Nós não precisamos nos retirar para uma caverna ou monastério para aprender a desenvolver nossa paz interior e ajudar os outros por meio de um bom exemplo.
Desde sempre, nós temos investido todo o nosso tempo melhorando nossas condições externas, como ter uma casa melhor, um carro melhor, filhos, dinheiro etc. E o que temos para mostrar em termos de nosso estado mental? Em vez de termos nossos desejos satisfeitos, estamos cada vez mais ansiosos, deprimidos ou fisicamente doentes. Os sofrimentos e problemas advindos dos nossos desejos descontrolados só têm aumentado, enquanto nossa experiência de paz e felicidade, diminuído. Isso mostra claramente que não estamos encontrando tempo suficiente para nosso desenvolvimento mental.
Se não mudarmos nossa postura mental, a única certeza é que o dia em que sentiremos que estamos completamente satisfeitos e que não precisamos de mais nada nunca chegará.
Talvez o tempo que dedicamos à nossa própria paz e felicidade nunca tenha estado em tanto descompasso com nosso ritmo de vida. Mesmo assim, não há momento ou oportunidade melhor do que agora para começarmos a nos dedicar a esta tarefa. É claro que precisaremos de muita reflexão, ajustes de rotina e mudanças de hábito. Mas sempre podemos lembrar aqueles breves versos de Buda e saber que tudo o que temos é o agora.